Características Necessárias Para o Eficiente Estudo da Doutrina Espírita

  “A verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram, e os conhecimentos que este ensino comporta são muito graves para serem adquiridos de outro modo que não seja por um estudo perseverante, feito no silêncio e no recolhimento: somente nessa condição se pode observar um número infinito de fatos e particularidades que escapam ao observador superficial e permite firmar uma opinião.” Allan Kardec, Introdução ao estudo da Doutrina Espírita, XVII item.

Todo estudo proficiente de determinado assunto exige atributos de seu discípulo.

Para poder julgar válida ou não a proposta Espírita e compreendê-la com qualidade é necessário ao neófito um esforço pessoal e qualidades que precisam ser buriladas individualmente, sob o risco de, se assim não for, julgá-la de forma superficial, preconceituosa, incompleta, sem o conhecimento adequado para tal.

Não é requisito ter dotes de inteligência superior ou instrução extrema, mas sim o uso adequado do bom senso, aliado à boa vontade de se instruir.

Para um estudo sério e de bom proveito são necessárias, além de escolher a obra certa para iniciá-lo – O Livro dos Espíritos, a obra-base da Codificação – algumas características que podem ser adquiridas pelo estudante:

1) Continuidade, pois toda nova ciência a ser estudada deve ser iniciada pelos seus princípios. Deve-se começar pela base até chegar às informações mais profundas. A continuidade implica em atenção, seriedade e seqüência. Qualquer hiato neste estudo poderá comprometê-lo e torná-lo ineficiente.

2) Regularidade, que se traduz em uma metodologia e uma agenda regular de estudo. Não é possível estudar seriamente se não tivermos um momento periódico, seja ele diário ou semanal, aliado a um método adequado, para este fim. A seqüência cronológica das obras de Kardec é um excelente roteiro de estudo. Começando por O Livro dos Espíritos (ou o opúsculo O Que É o Espiritismo), continuando em O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, concluindo com A Gênese. É recomendável, posteriormente, o estudo da coleção A Revista Espírita e Obras Póstumas.

Sem disciplina e boa vontade é praticamente impossível dar seqüência a qualquer estudo sério. É claro que este estudo completo é indicado para quem quer se aprofundar no conhecimento espírita, para os que desejam primeiramente conhecê-la basta o estudo de O Livro dos Espíritos.

3) Recolhimento é outro fator imprescindível, aliado à concentração. É a dedicação ao tema estudado, sem distrações. É uma postura interior onde o foco, a mente é fixada nesses objetivos. Significa, também, não somente ler, mas refletir sob o tema estudado, deixando naquele instante outras preocupações. Enquanto estamos concentrados permanecemos aptos para captar também as informações que nos chegam por inspiração dos Bons Espíritos.

Para apurar a concentração é necessário fazer exercícios, eliminando a tendência do pensamento dispersivo: é a disciplina do pensamento, a capacidade de focalizar em um determinado ponto, colocando total interesse naquele assunto.

Estudar em profundidade é uma qualidade que precisa ser desenvolvida. Quando se experiencia o estudo profundo de um assunto, aprende-se a mergulhar também com seriedade em outras áreas. Deixa-se de ser superficial (saber quase nada sobre quase tudo), para se tornar profundo (saber quase tudo sobre quase nada). Na realidade, os dois conhecimentos são importantes, mas para realmente saber Doutrina Espírita, é necessário um aprofundamento nos seus conceitos.

Existem duas formas de estudar a Doutrina: sozinho ou em grupo. Verdadeiramente, as duas são fundamentais e complementares. Estudar sozinho facilita a questão do horário de estudo, da dinâmica e da velocidade empregada. Como ponto negativo, sozinho, a compreensão se torna limitada a apenas uma idéia e as dúvidas ficam sem solução. Em grupo, organiza-se uma agenda pré-estabelecida, discute-se idéias, chega-se a conclusões em conjunto, um aprende com o outro e facilita-se o entendimento. Em grupo o limite é a questão do horário; enquanto que sozinho pode e deve-se estudar em diversos horários, o grupo geralmente fica limitado a 60 ou 90 minutos semanais. Portanto o ideal é praticar as duas modalidades de estudo, não negligenciando nenhuma delas.

Fonte: Seminário Introdução ao estudo da Doutrina Espírita, com Cosme Massi.

Luis Roberto Scholl