Antecedentes do Espiritismo
Os fenômenos de Hydesville e as Mesas Girantes


         Em 1846, Hydesville era uma pequena cidade no interior do estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Poucas casinhas de madeira, alguns estabelecimentos comerciais e muita calma. Nessa época foi morar lá, a família Fox, composta do Sr. John Fox (fazendeiro), sua esposa e suas filhas, Margaret então com 12 anos e Kate, de 09 anos. A família Fox tinha seis filhos, mas apenas Margaret e Kate viviam com seus pais.

         O primeiro ano da família Fox em Hydesville correu sem incidentes, embora vez por outra, observassem ruídos estranhos à semelhança de "arranhaduras" nas paredes.

         Em meados de março de 1848, tais ruídos atingiram proporções gigantescas: pancadas, arrastar de móveis e tremores nas camas. A família estava decidida a mudar-se quando, na noite de 31 de março de 1848 (data que os americanos consideram como de fundação do “Novo Espiritualismo”), a menina Kate, então com 11 anos de idade, decide "interrogar as pancadas":

         - Senhor Pé Rachado, faça o que eu faço”, e bateu três palminhas.

         Imediatamente ouviu três pancadas.

         Margarete, sua irmã de 14 anos de idade, achou interessante e disse:

         -"Agora sou eu; faça assim”, e bateu quatro palmas. Quatro pancadas ressoaram. Ela teve medo de fazer novamente a brincadeira. Então Kate disse, na sua simplicidade infantil:

         -Oh! Mãe! Eu já sei o que é. Amanhã é 1º de abril e alguém quer nos fazer uma brincadeira.

         Então a Sra. Fox resolveu fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pediu que fossem indicadas as idades de seus filhos, sucessivamente. No mesmo instante foi dada a idade exata de cada um, fazendo-se uma pausa de um para o outro, a fim de os separar, até ao sexto. Então houve uma pausa maior, depois se ouviu três batidas mais fortes, correspondentes à idade do menor, que havia morrido, sendo no total sete com este último. O fato muito surpreendeu a Sra. Fox.

         A partir daí centenas de pessoas foram chamadas a presenciar o fenômeno. Através de pancadas nas paredes de madeira, criou-se um código onde uma pancada significava “sim”, duas significava “não”, e outro onde cada letra do alfabeto significava um número. Foi dessa maneira que as pessoas começaram a se comunicar, descobrindo assim que estavam conversando com um "morto". Chamava-se Charles Rosma, profissão mascate, que tinha 31 anos quando a pessoa com a qual morava, matou-o a facadas para roubar suas mercadorias e seu dinheiro (em torno de 500 dólares), informando ainda que esse fato acontecera há cinco anos. Seu corpo estava enterrado na adega, três metros abaixo do solo, o que posteriormente foi confirmado.

         As meninas cresceram e foram para a Europa onde puderam ser avaliadas por estudiosos da época, confirmando que não houvera nenhum truque nos acontecimentos de Hydesville. A história nos mostrou que elas eram médiuns. Os fenômenos de Hydesville abriram a porta para muitos outros fenômenos.

         Em 1850, na França, surgiu um tipo de brincadeira chamada "mesa falante" ou "mesa girante", que tomou conta dos salões festivos da época.

         As mesas girantes eram mesinhas comuns, de madeira, de três ou quatro pés, em torno da qual se reuniam as pessoas para provocar manifestações de forças desconhecidas na época.

         As mãos dos presentes eram colocadas sobre a superfície da mesa ou acima das mesas e estas, através de um fenômeno de efeitos físicos, davam saltos, ficavam em um só pé, giravam, davam pancadas. As pessoas perguntavam as mais diversas questões e as “mesinhas” respondiam, dando soluções para diversos problemas da época.

         Informam os historiadores que, nos anos de 1853 a 1855, as mesas girantes constituíam, em Paris, verdadeiro passatempo, sendo diversão quase obrigatória nas reuniões sociais.

         Foi em 1854 que um professor de nome Rivail ouviu, pela primeira vez, falar das mesas girantes. Um magnetizador, o sr. Fortier, velho conhecido de Rivail, foi quem o informou a esse respeito, dizendo que um fato extraordinário estava acontecendo; tratava-se de mesas que falavam e respondiam nas festas dos salões.

         Neste ponto Rivail mostrou-se céptico, dizendo-lhe que só acreditaria se visse o fenômeno. Para ele era um absurdo atribuir-se inteligência a uma coisa puramente material.

         Em maio de 1855, o professor Rivail teve a oportunidade de, pela primeira vez, presenciar o fenômeno das mesas girantes. Percebeu que não eram as mesas que falavam, mas que se tratava de algo muito importante. Resolveu investigar e estudar como aconteciam esses fenômenos.

         Através de muitas pesquisas ele percebeu que as mesinhas não falavam, que quem se comunicava eram os espíritos de pessoas que já havia morrido. O que ninguém poderia imaginar é que dessa brincadeira de salão surgiria o impulso inicial para a codificação do Espiritismo.

Texto adaptado do original retirado do site www.espirito.org.br




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