Mediunidade e Intercâmbio: Algumas Anotações

 Quem são os médiuns? São pessoas que podem servir de intermediário entre os espíritos e os homens. Em seu uso ordinário, todavia, esse termo tem uma aplicação mais restrita, aplicando-se quando esse intercâmbio se manifesta de forma mais ostensiva através da vidência, da psicografia ou da psicofonia.

O que é a mediunidade? É uma faculdade do espírito que se manifesta através de uma predisposição orgânica, surgindo espontaneamente. Tem origem orgânica e independe da condição moral do médium, de suas crenças e do seu desenvolvimento intelectual. O indivíduo não deve procurar desenvolvê-la enquanto não aflorar por si mesma. Aflorada, requer muita disciplina mental: aprender e exercitar a concentração e a meditação para o autocontrole através da vontade, no sentido de elevar o próprio padrão vibratório, a fim de sintonizar com os mentores espirituais durante o intercâmbio espiritual.

Como se dá uma comunicação? A mente é a base da comunicação mediúnica. Para que o espírito se comunique com o médium é preciso estabelecer uma sintonia mente a mente. Todo o processo mediúnico tem como base a sintonia mental entre aquele que transmite a mensagem e aquele que a recebe. É a força mental da entidade espiritual que irá agir sobre o psiquismo do encarnado e, encontrando neste uma passividade mental, uma receptividade, possibilitará a comunicação entre ambos. A mediunidade é o mais avançado sistema de comunicação que existe no nosso planeta. Na forma consciente, o manifestante se aproxima do médium, estabelece um campo de entrosagem, não mantendo um contato perispiritual e, telepaticamente, transmite a mensagem que deseja enunciar. O médium recebe, via glândula pineal, decodifica-a e, com as suas palavras, com o seu vocabulário, com seu fraseado e estilo próprio, faz a transmissão com maior ou menor fidelidade e clareza. No transe superficial, o médium não perde a consciência e sabe o que lhe está ocorrendo. Já no transe profundo (também chamado de sonambúlico) o médium fica inconsciente e, ao terminar a mensagem do espírito comunicante, não se recorda do seu conteúdo e do que lhe ocorreu. Os espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os, mas empregando o pensamento e a vontade, que são para eles o que é a mão para o homem.

Como se manifesta um espírito? A conexão se inicia com a aproximação da entidade espiritual com o médium, envolvendo-o fluidicamente, ou seja, o teor vibratório do comunicante alcança o do encarnado. O processo se completa com a sintonia mental. O pensamento do espírito e o do médium devem estar na mesma freqüência vibratória, estabelecendo-se, assim, a sintonia.

Por que a espiritualidade recorre a esse tipo de terapia? Na comunicação física o espírito infeliz recebe um impacto fluídico através do médium. Isso produzirá uma alteração, melhorando-lhe a condição vibratória e predispondo-o ao despertamento. Não se realiza o diálogo, espírito a espírito, necessitando-se do médium porque, na manifestação mediúnica, a imantação magnética de ambos perispíritos, impede o paciente de fugir ao esclarecimento, nele produzindo uma forma de controle.

Qual o objetivo da Doutrina Espírita? É a cura da alma, desse modo o período dos fenômenos mediúnicos ostensivos, ruidosos, mesmo chocantes, vai cedendo lugar às sutilezas do comportamento, à educação dos pacientes, de modo a ser lograda a cura real, e a mediunidade deixa o palco do exibicionismo, que a uns convence, mas não os transforma intimamente para melhor.

Por que as reuniões mediúnicas são restritas? Kardec, em maio de 1861, discursando na sociedade Parisiense de Estudos Espíritas afirma: “A verdadeira convicção não se adquire senão pelo estudo, a reflexão e uma observação continuada, e não assistindo a uma ou duas sessões, por interessantes que sejam; e isso é tão verdadeiro, que o número daqueles que crêem sem nada terem visto, mas porque estudaram e compreenderam, é imenso. Estudai primeiro e vereis em seguida, porque compreendereis melhor. Nós nos reunimos com o objetivo de nos esclarecer e não de nos distrair; não procuramos, de nenhum modo, nos divertir, não queremos divertir os outros; eis porque não devemos ter senão ouvintes sérios, e não curiosos que cressem encontrar aqui um espetáculo.”

Cleto Brutes